13.6.12

Confinado

2 anos sem escrever aqui.

Damn... Pergunto-me se ainda sou o mesmo, se as minhas histórias ainda podem ser continuadas, se ainda estou no mesmo ponto e se estes textos não serão mais do que lembranças.

Pela primeira vez em muito tempo tive vontade de voltar aqui. Para perceber-me, e para dissecar a minha própria forma de sentir e pensar, através do backlog de histórias do passado. Sinto-me partido, preso, asfixiado entre mundos alternativos que há muito que me desviaram da rota que me poderia conduzir de volta ao meu ponto de partida. Seja ele qual for (já começa a ser difícil lembrar-me...).

Apetece-me desabafar, o que talvez já se tenha tornado evidente. Este blog chegou à confortável audiência zero, que me permite desligar-me das regras de escrita a que estou habituado, e debitar toda a merda que me venha à cabeça, sem restrições. Que saudades que eu tinha desta liberdade, de poder escrever por escrever, sem pensar em agradar a, b, ou c, sem limites no tamanho dos parágrafos e sem olhar a resultados e estatísticas.

Na eventual hipótese de me encontrarem o desabafo, é na boa: os três ou quatro que ainda se lembram disto conhecem-me o suficiente para olhar para a minha figura despida sem sentir nojo ou repulsa. Hoje, odeio o mundo. Não de uma forma psicótica, nem tão pouco com qualquer tipo de tendência suicida. Odeio a inevitabilidade de um final, a previsibilidade dos ciclos, irrita-me não conseguir ser o mesmo puto prepotente que escreveu os textos que aqui estão em arquivo - um rapaz sem medo de sonhar, ou de viver um presente sem pensar nas consequências adversas de um (potencial) trágico futuro.

Tornei-me rigidamente matemático na minha forma de ser e estar, mas não gosto deste sítio. Sinto-me mal, permanentemente nauseado. Sinto-me um ponta de lança no meio de uma selva de matulões germânicos, prontamente direcionados às minhas canelas. Sem espaço, sem tempo.

 

PS: Com 27 anos, a escrita é diferente: agora, os posts já não têm que ter um happy ending, ou uma conclusão catártica, que de alguma forma canalize uma situação adversa em vibrações positivas. É pena. Mas é assim.

2 comentários:

Miranda Hobbes disse...

Vim dar com o teu blogue porque também a mim me apeteceu revisitar o meu, numa qualquer necessidade compulsiva de retomar algo que nem sei se devia ser retomado. Revi-me no teu texto e nem sei ao certo porque estou a comentar, talvez seja por solidariedade, por também eu me sentir enjoada e exausta de tudo e de nada.

Eu nunca tive propriamente cuidado com regras de escrita, a não ser em textos que mandei a concursos parvos, há muitos anos atrás. Odiei ter regras, o que vai ser uma merda porque continuo a querer escrever um livro, num futuro qualquer. Escrevo por catárse, e não funciona de outra maneira se não através da diarreia verbal. Mas ao navegar o histórico do blogue fico triste ao ver que continuo muito perto de onde estava quando comecei. Não estou onde pensava que iria estar, nem sou quem pensava que iria ser. Estou farta do mundo, das pessoas e da sua falta de essência. Continuo uma sonhadora, bem lá no fundo, mas não tenho por onde alimentar os sonhos e dou por mim a ficar um pouco mais amarga a cada dia que passa. Tenho medo de estar a chegar ao ponto sem retorno e de me perder completamente. Mas ainda não perdi a esperança - nem sei em quê. Há que manter sempre uma pontinha de esperança, em que o que fomos de bom ainda está algures à deriva dentro de nós.

Desculpa este desabafo sem sentido (espero que não seja assustador, também não estou suicidal nem nada do género - só desiludida), mas queria só dar uma palavra de apoio. E não deixes de escrever - é sempre catártico, mesmo que não pareça, e mal não há-de fazer certamente. :)

Anónimo disse...

Caraças!