10.5.05

Multidão

Posted by Hello



Nunca gostei da rotina. Nem sei se há quem goste... Não concebo a vida sem surpresas, ou o sono sem novos e imprevisíveis sonhos.

Vivo num quotidiano maquinal. Acordo quase todos os dias à mesma hora, despertado pelo sempre irritante toque de um telemóvel cinzento, impiedoso e frio. Uso ecrãs para estudar e para me distrair, e estes textos que escrevo, já dispensam rascunhos de papel. Quando a luz falta, mais do que nunca, a vida pára. Temos que procurar alternativas, e ao fazê-lo, a sujidade da “grande fábrica” torna-se mais evidente. Quando a luz regressa, a linha de montagem prossegue o seu incessante e cíclico trabalho. E volta-se ao quotidiano, como no meu caso...

Fazendo uma retrospectiva da minha vida e das minhas vivências, apercebo-me de muitas fábricas, que é como quem diz, muitos grupos e multidões. Somos todos participantes de um jogo onde a batota vem nas regras, e o colectivo é falso. Como no Monopoly... Quando jogo com vários amigos, há sempre dois jogadores que hipocritamente se ajudam, sabendo, no seu íntimo, que o objectivo primário e incontornável do jogo é eliminar todos os adversários. A vida é feita destes absurdos, obviamente, noutros contextos.

Não tenho dúvidas, vivo no mundo onde as amizades de hoje não são as de amanhã. O que é mais do que triste – é assustador. Porque não foi preciso muito para chegar a estas conclusões, penso que mais tarde ou mais cedo, todos nos apercebemos da fragilidade de algumas ligações que temos. Quebram-se muito facilmente, mais facilmente até do que a forma como se geraram. Fazemos amigos a partir de conversas quase sempre aleatórias e inesperadas, em momentos em que o silêncio incomoda, em momentos em que sentimos necessidade de partilhar algo com quem está mais próximo, ou em momentos em que simplesmente não temos mesmo ninguém mais perto.

Estou perdido numa multidão. De máquinas, de lembranças, de amigos. Olho em redor e vejo demasiados “deja vus”, já não tem graça. Demasiada moda, demasiada forma idêntica de pensar, de andar, de agir e de reagir. Confundo pessoas. Confundo amigos. Qual máquinas, começam a parecer artificiais; qual artificiais, deixam de me dar calor, apenas o aquecimento, deixam de me dar o amor, apenas entretenimento...

Estou sozinho numa multidão. Mas ouço mais passos à deriva, apenas não os vejo. Quem me dera que a luz faltasse...

4 comentários:

M disse...

kdo n eh a luz k falta, é a morangona k azeda..sao smp momentos de penumbra q aguentam fios das nossas marionetas

mas há de ser smp assim,estes sonos latentes entre despertares e revoluçoes

se bem k sem batota o jogo n tem tta piada....

Anónimo disse...

Se kiseres desliga-se o kuadro electrico geral :D

(é smp a matarroa a estragar a seriedade destas cenas...enfim...smp se tem o iskeiro do mendi, a 3ª perna do onk e a benzina ko groove bebe pa dar alguma luz a estes moços ke nao esperam cortar no numero de chamadas po INEM nos próximos anos ;P) [[[]]]

Ppl de Tavira com luz ou sem luz!! :D

Anónimo disse...

mess..... nem vou fazer comentario nenhuma pois nao tenho neste momento palavras pra descrever o teu artigo... fikei kom as tuas palavras na cabeça, e se fosse dizer alguma coisa o meu subconsciente estaria apenas a plagiar-te... continua... eh verdade, pra kuando um livro denominado 100 medos???

Anónimo disse...

Nunca hás de estar sozinho, pq como tu há muitos, somos os erros das fabricas em séries, somos aqueles q trituram a engrenagem da maquina, somos aqueles q secam o oléo da maquina, somos simplesmente aqueles q partiram a corrente e fugimos a alegoria da caverna...