8.10.05

Ensaio Sobre a Democracia

Posted by Picasa


Este domingo há eleições mas ainda não estou recenseado à tempo suficiente para poder votar. Na verdade, fui adiando indefinidamente algo que já podia (e devia) ter feito e o resultado aí está: mais um domingo eleitoral em que não tenho literalmente voto na matéria. Contudo mesmo que já pudesse votar não sei se o faria, isto é, provavelmente votaria em branco. Considero o acto de voto uma decisão bastante importante e que merece ponderação, mesmo sabendo que no fim de contas, cada um de nós tem uma contribuição ínfima para as contas. Muitas contribuições ínfimas acabam, no entanto, por se tornarem notáveis, importantes, decisivas, e por aí fora... Acredito, pois, na democracia, no sentido que ao votar estou a dar a minha palavra, a puxar para o meu lado ideológico, enfim, a fazer valer a minha existência, porque não, a mandar também eu, um pouco!
Então porque é que eu não votaria (já)? Bem, a política é um mundo complicado. Para já existem as pessoas que não querem saber minimamente de quem governa, seja o seu país, seja a sua região. Estas constituem a maior fatia da abstenção e desacreditam nos outros votantes, ou mesmo em quem votar. Depois temos as pessoas que votam (ou pretendem votar), das quais fazem parte alguns grupos. Destaco dois: o grupo das pessoas com consciência política (as próprias pessoas do meio político, ou então pessoas que vêm minimamente os noticiários) e o das pessoas do voto clubista, como eu costumo chamar. Por (ainda) não ter uma consciência política bem definida, ou identificada num único movimento partidário, e por achar aberrante a segunda facção, eu não votaria.
Assusta-me a quantidade de gente que encara a política e o seu partido como um clube. Assusta-me, principalmente, pelo enorme número de pessoas e potenciais votantes, que constituem esse grupo. Se têm dúvidas em relação a isto, façam um pequeno teste: perguntem a quem conheçam, qual o seu partido e porque é que são desse e não de outro partido. Acreditem que haverão poucas respostas claras, bastante confusão de definições, antecedentes e posições políticas. O que é a esquerda? O que é a direita? São outro tipo de perguntas, que podem fazer se quiserem ir mais longe. Sempre têm como alternativa, abanar umas bandeirinhas e apertar a mão ou dar dois beijinhos (conforme o caso) ao simpático-candidato-aleatório que promete que vai cumprir, ao contrário dos seus adversários – os maus e portadores do pânico e da crise.
O meio em que crescemos é bastante vago na informação política. Para ter mínimos conhecimentos, que me possibilitam esboçar tentativas de respostas a perguntas como as do parágrafo anterior, tive que perder algum tempo a pesquisar e a interessar-me um pouco mais por algo que, convenhamos, não é tão estimulante quanto ouvir música, ver um filme, jogar computador, entre outras infindáveis actividades que fazemos de livre e espontânea vontade, com motivação infinita. Pensem, no entanto, que muitas dessas coisas e inclusivamente, esta forma aberta de escrever e comunicar, só se tornaram possíveis, por se ultrapassarem barreiras e ideologias postas em prática por votos em massa, propagados por propagandas com muitas letras capitais bonitas, e ainda mais letras miúdas assustadoramente pequenas. Votem, pois então. E façam-no de acordo com aquilo em que acreditam, pois os outdoors são todos iguais...

1 comentário:

Anónimo disse...

O clubismo a que te referes pode ser fundamentado, e bem, por qualquer zé-da-aldeia, mesmo que este seja totalmente desprovido de qualquer dote argumentativo. A fundamentação, ou neste caso a solução, para as parelhas eleitorais, peregrinos rosa ou alaranjados e outros tantos ociosos arautos portadores do estandarte passa pelo principal meio de movimentação económico-social do nosso país, a bem anunciada cunha. Este mecanismo tão rudimentar quanto eficiente é realmente responsável, pela quantidade de inconscientes, que desconhecendo na realidade qualquer programa político referente a facção a eleger, oferecem o seu misero voto na esperança da gota amiga, que neste caso, falando-se de autarquicas e sabendo-se claro, que falamos de meios pequenos (mais pequenos que o nosso infímo país) é bem provavel que abone algo a seu favor. Neste momento aqui onde vivo o autarca vencedor é velho amigo da familia e espero ser presenciado com um emprego na camara ou nalgum outro sitio, que boa falta me faz e de outra maneira o não conseguiria, não fosse a nossa bendita cunha.
É uma realidade fascinante esta que se nos apresenta, n'est pa?

Greetings
Norman [[[]]]