18.12.05

Distritos e Mundos Vermelhos

Vemo-las nas ruas, poucas vezes, mas o suficiente para que fiquem na nossa retina. Constituem um dos maiores tabus da nossa sociedade, para o qual séculos não conseguiram encontrar uma resposta adequada. Hoje falo da “profissão mais velha do mundo” e o seu lugar na realidade...

A prostituição faz parte daqueles assuntos de difícil abordagem, pois dela derivam inúmeras questões sem soluções lógicas. Comecemos pelo básico, então. Numa sociedade cor-de-rosa, em que as desigualdades sociais ao nível da formação e das condições de vida não existissem, a prostituição seria sempre, à partida, uma via incorrecta, ou se quisermos, uma das piores alternativas de vida que uma pessoa poderia escolher. Não é preciso ser moralista para achar que é um caminho menos digno, que remete seres humanos para o papel de objectos descartáveis, sujeitos à descriminação e a hierarquias. De volta à realidade, essa sociedade não existe e provavelmente nunca existirá, e na prática temos que pôr uma série de condições em equação, antes de resolvermos o problema. E aqui, o mesmo que algumas linhas atrás discordava claramente da prostituição, aceita-a agora sem contestação, num espectro de pobreza, de falta de informação e de educação. Que escolha tem por exemplo uma imigrante à qual lhe foi prometida um trabalho digno, que quando chega a um novo país é coagida, sem passaporte, dinheiro ou contactos, com o mundo inteiro a apontar uma arma à sua cabeça? Nestes casos, a prostituição já não é a pior das alternativas, mas sim a única saída, onde não existem alternativas. Bem diferente...
OK, mas este mundo cinzento tem também a sua boa parte de casos em que a prostituição surge, não como uma necessidade, mas como uma escolha, de modo algum inevitável. Porém, ao admitir sem contestação a possibilidade dos casos inevitáveis, estou a legitimar por completo a existência da profissão, porque de outra forma estaria a dizer que a prostituição é uma ocupação para pobres ou analfabetos, o que é simplesmente cruel e imoral, sejam quais forem os nossos conceitos de moral. Então eu, que faço este raciocínio, concluo com uma premissa: aceito a prostituição.
Se aceito a prostituição, tenho de a considerar como um acto laboral, tenho de concordar quando oiço activistas pró-prostituição reivindicarem os mesmos direitos fiscais e sociais para as prostitutas. Mas esta aceitação já se torna muito mais difícil de encarar, pois não consigo deixar de ter em conta aquelas que não o fazem por necessidade e os tantos e tantas que batalham através de caminhos mais árduos em busca de uma alternativa mais digna para as suas vidas.
Não concordo. E também não discordo. Mas não sou indiferente. Reflicto, mesmo que por vezes não exista uma verdade por desvendar. Reflictam, pois então...

PS: Por último resta-me dizer que referi "prostitutas", por ser uma profissão onde o sexo feminino é predominante, onde não fazia muito sentido abordar o tema referindo-me aos “prostitutos”. Mas eles existem e as minhas (restritas) considerações morais são exactamente as mesmas, para mulheres e homens. A prostituição é um tema que é frequentemente debatido por grupos feministas, mas é minha convicção que tratando-se de um problema, terá de ser reflectido, debatido e resolvido por mulheres e homens. Todos nós.

1 comentário:

Anónimo disse...

Não é preciso ser moralista para achar que é um caminho menos digno, que remete seres humanos para o papel de objectos descartáveis, sujeitos à descriminação e a hierarquias. É um caminho menos digno pk? vejamos entao, existe kem se prostitui por prazer por k gosta do k faz da sua arte de viver, e essas mesmas pessoas n se sentem objectos descartaveis, sentem-se como pessoas, sim sao sujeitos a descriminação apenas pk se fosse algo k n se tratasse de tabu e se fosse algo legalizado e nada escondido tratava-se de diferente e via-se de diferente forma.é obvio k ha kem seja tratado de forma desumana mas se a prostituição fosse vista como uma mera profissão nada disso acontecia e deixaria de ser tabue deixaria de haver chulos.Es chulos deixariam de existir e kem kizesse trabalhar por conta propria trabalhava e kem kizesse trabalhar para um chefe trabalhava e n existiria desvalorização nem descriminação e teriam direitos de trabalhadores e sindicatos.