Sorte

Quando chega aquele momento em que o tempo parece parar, suspenso na incerteza do suspiro de alívio que quer sair; quando arriscas, e quando arriscar, para ti não é só ir a jogo, mas meter todas as tuas fichas na mesa; quando toda a lógica cessa e só podes contar com a sorte:

Percebes que não existem vencedores, mas apenas gente que não quer nem gosta de perder...


SORTE

A sorte é isso e ainda mais. Para uns é algo completamente incalculável e imprevisível, para outros não existe, faz-se. Nem sempre reconhecemos a nossa própria sorte, mas somos os primeiros a apontá-la ao vizinho. Todos parecem ter sorte, menos nós. E no entanto, para estarmos aqui hoje, tivemos uma mija do caraças, equivalente a um totoloto ou euromilhões, no que a probabilidades se refere.
Então, torna-se evidente, que todos temos sorte – o que nem sempre conseguimos é reconhecê-la.

Existindo sorte, então estamos constantemente sujeitos a ela e a essas situações que nos escapam do controlo. E é precisamente esse o ponto fulcral: o controlo. Queremos controlar sempre tudo, ter noção completa das nossas acções e respectivas consequências, de maneira que quando nos vemos sujeitos a factores externos que saem do nosso raio de acção, é costume destabilizarmo-nos.
E é aí que entra a facção dos que dizem que a sorte se constrói. Como na eterna questão da vida e morte, onde existe quem aceite que a nossa consciência tem um prazo de validade, e quem pense que temos uma existência eterna: analogamente, em relação à sorte, há quem simplesmente a aceite resignado, e há quem acha que podemos “mudar o destino” (forçar as probabilidades).

Ao contrário de outros textos, vou ser inconclusivo. Porque como já disse, tenho muitas dúvidas e algumas certezas.

Por vezes parece-me que realmente o melhor é resignar-se e aceitar a incontrolabilidade de certas coisas.
Por outras, acredito que se pode dar um “jeitinho” no destino. Como quem atira uma moeda ao ar e vicia o resultado. Como por magia...