29.11.06

Magia (Eu, o céptico)


Acreditas em magia?...

33ºmedo


Com o fim da infância, chegam também ao fim uma série de mitos que concebi. Quando visito locais que conheci enquanto criança, não consigo revê-los da forma como os tinha guardado em memória. Não sei, mas parece-me que tudo se tornou mais pequeno e que as figuras adquiriram uma tonalidade sépia. Mesmo sabendo que a quantidade de sabedoria que posso vir a alcançar, na prática é infinita, são já muitas as coisas pelas quais não sinto uma curiosidade particular, simplesmente porque já as desvendei. Costumava olhar para um carro, com aquele fascínio próprio de quem não o pode conduzir. Era, de certa forma, um sonho, poder operar uma daquelas máquinas, ou melhor dizendo, também ser uma daquelas pessoas que o podiam fazer. Hoje sou uma “daquelas pessoas”. Mas já não sonho com carros.

Se é verdade que a sabedoria que adquiro me expande as ferramentas de acção, não deixa de ser igualmente verdadeiro que me limita a imaginação e o poder criativo. Antes de saber como alguma coisa é ou funciona, por instinto formulo algumas hipóteses. E no máximo, só uma dessas hipóteses corresponde à definição correcta dessa coisa. Com o aumento das minhas experiências, a tendência aponta para que cada vez mais, eu considere um número mais restrito de soluções, e eventualmente possa atingir um estado em que essas soluções serão fixas, sendo que qualquer hipótese fora do leque estabelecido é automaticamente excluída. Evoluo, como céptico. E na presença de um novo conceito, ao invés de o tentar compreender, procuro desarmá-lo, à luz das provas que fui coleccionando.

Concretamente, isto leva-me a desacreditar na ingenuidade, ou em intenções puras. E começo a ver-me como mais um desses seres que, não tendo nenhuma crença espiritual, acreditam em provas lógicas absolutas, cujos valores de verdade e falsidade, implicam certo e errado. Havendo certo, por ambiguidade admito que exista bem, e dessa forma acabo por acreditar na existência de uma maneira de agir e de pensar que seja melhor e portanto, mais correcta em ser seguida. O meio científico no qual me cultivo afasta-me da acção conduzida pelo abstracto, mas torna-me um cego cordeiro do concreto. E do visível. E de todas essas coisas que posso tocar com as minhas próprias mãos.

Acreditas em magia?

Eu não. Coelhos não nascem de cartolas...

Prova-me o contrário.

2 comentários:

Anónimo disse...

Nunca hás-de saber tudo, nem conseguir explicar tudo, é essa a beleza do mundo! E nesse sentido, vão haver sempre formas de magia...

Os coelhos nascem das cartolas e o universo nasce do Big Bang...
Prova-me o contrário! =P

M disse...

É preciso provar alguma coisa?