8.7.06

Caminhos I - Terra Batida


Certo dia, encontrei-me perdido em estradas que nunca palmilhara. Quer dizer... perdido, perdido, não será bem o termo, porque o caminho de regresso estava justamente atrás de mim. Mas o que se encontrava à minha frente era o desconhecido e incerto, o inocente até prova em contrário e ao mesmo tempo o suspeito, pela simples impossibilidade de também não poder provar a sua inocência, como a vida inteligente que não podemos negar absolutamente que exista algures noutros planetas, noutros universos...
Estava sozinho e sem pressa, o que me aguçou a curiosidade. Não que pensasse em encontrar algo específico à minha frente; simplesmente, o facto de não saber o que estava ao virar daquela esquina tão desconhecida, deixava-me seduzido e ao mesmo tempo angustiado. Como o homem que crê, mas não enxerga a forma daquilo em que acredita...
Pensei duas vezes antes de agir e não parei de pensar mesmo enquanto agia. Mesmo enquanto fugia... Como uma criança que fecha os olhos de noite, depois de ter tomada a sombra de um armário por monstro, também eu, fugi desses monstros que me aterrorizam só de os imaginar. Porque só os imagino...

Passo a vida a perder mundos, quando perco dias e minutos. Jogo pelo seguro e opto pelos caminhos que já palmilhei, mesmo que nunca os tenha escolhido. Tenho o meu espaço, o meu Universo, onde múltiplas facetas encontram um denominador comum. Isso faz-me reflectir acerca daquelas teorias que dizem que na prática as nossas escolhas já estão feitas, antes mesmo de as ponderarmos. Comigo, acho que isso também acontece, um pouco. Penso, penso e volto a pensar. Decido. E no fim de contas, a minha decisão acaba por ser a mais esperada, porque é a que obedece de forma mais rigorosa ao padrão da minha personalidade, definido pelo tal denominador comum (vulgo, a minha essência).
Sou uma pessoa exacta, descendente de uma era científica. Se alguma coisa correu bem e houve felicidade, digo que a sorte conquista-se e que sorri a quem a procura. A sorte, que no seu sentido mais puro, não é mais do que um caso favorável numa experiência aleatória. E por mais aleatória que seja, nunca é impossível, ou impensável.
Claro, que como toda a gente (científica, espiritual, ambas ou outro caso qualquer) tenho dúvidas que não consigo explicar, sentimentos que não consigo transmitir. Escrevo, não em busca da derradeira resposta, mas sim, na senda de uma aproximação que seja mais nítida do que a focagem actual, na fotografia da minha vida. Escrevo, porque ao fazê-lo, relembro os caminhos que percorri e ainda percorro. E de entre todos esses momentos que borrachas de tinta não apagam, sobressaem os desenhos menos conseguidos. Como um ser humano, também erro...

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